AMARRAÇÃO DE MAQUINAS

TRANSPORTE EM LONGAS DISTÂNCIAS

Um assunto que interessa a todo caminhoneiro e operadores e garante a segurança do frete.

A amarração de cargas é praticada todos os dias por milhares de motoristas e com certeza você, operador, sabe que é muito arriscado fazer uma viagem se a sua carga não estiver bem amarrada – o risco de perdê-la é grande, além de gerar lentidão nas viagens e insegurança a outros veículos nas estradas. É claro que a amarração mal feita não é o único causador de acidentes nas rodovias, mas a falta de normas técnicas e procedimentos para amarração e consolidação da carga contribuem para aumentar esses tristes números. É comum vermos muitas cordas em ação, cabos de aço, em alguns casos de máquinas pesadas o uso de correntes de aço e, mais recentemente, o uso de cintas de amarração com catraca. Mas lembre-se: não basta a utilização dos melhores equipamentos se não forem conectados de forma segura na carga e no veículo de transporte! Para melhor compreendermos a sistemática dos acidentes de transporte e a solução de contenção da carga, temos que levar em conta: forças físicas, estruturas veiculares, correta distribuição da carga, equipamentos de amarração (cabos de aço, cintas têxteis, correntes e cordas) e pontos de conexão na carroceria. Quando estamos no interior do caminhão em movimento, ao frear, arrancar ou fazer curvas, por exemplo, forças invisíveis atuam em nossos corpos e em tudo que estiver no veículo de transporte, inclusive a carga. Dessa forma é possível calcular a resistência dos equipamentos utilizados, além de algumas características adicionais como a força de pré-tensionamento.

A resistência dos equipamentos de amarração é importante, mas o que mais conta é a força aplicada e a manutenção desta força durante o transporte. É comum vermos caminhões rodando nas estradas com cintas e cordas afrouxadas, o que significa que a carga está totalmente solta e se uma situação emergencial de frenagem ocorrer, a carga iniciará o deslocamento contra a cabine, muitas vezes perfurando-a, danificando-a e, em alguns casos, causando ferimentos e até a morte dos integrantes. Se os pontos de amarração no veículo não tiverem resistência suficiente, estes podem romper ou entortar causando também acidentes. Notem que é um conjunto de fatores que manterão a segurança do sistema e o motorista deverá ter total controle sobre os mesmos. Equipamentos certos e em dia: Como escolher os dispositivos adequados e saber se eles estão em boas condições após um tempo de uso. Mesmo quando um profissional dispõe dos melhores dispositivos e conhecimento técnico para a amarração, seu trabalho não será eficiente se não souber fazer a escolha certa dos equipamentos e, também, se não verificar se eles continuam em boas condições após o uso prolongado. É comum encontrarmos cabos de aço, cordas e cintas têxteis, muitos deles de acordo com os padrões exigidos, sendo utilizados sem critérios técnicos e de forma perigosa, aumentando os riscos de acidentes. Apresentamos algumas indicações de como escolher e os principais pontos que devem ser verificados para descobrir se os equipamentos continuam em bom estado.

Ao comprar os equipamentos de amarração

Todos os equipamentos utilizados em amarração de carga devem trazer identificação permanente e visível com algumas informações: – Nome do fabricante – Carga máxima de trabalho em traçãodireta – Comprimento – Data de fabricação – Número da norma brasileira (NBR) – Código de rastreabilidade

Na compra exija sempre do fornecedor o certificado de garantia da qualidade e o certificado de teste do lote.

Cintas têxteis

São fios trançados de tecido plano que trabalham em conjunto com catracas e os terminais conectados na carroceria do caminhão. Em geral, são fabricados com material sintético, de preferência o poliéster, que apresenta boa resistência ao atrito e baixo alongamento – isto é, estica pouco. Existem cintas de diversas larguras – de 25 a 100 milímetros – usadas de acordo com o peso da carga. Para caminhões, as mais comuns são as cintas de 50 milímetros, para capacidades de carga entre 2 e 2,5 toneladas; e as de 100 milímetros, para cargas superiores a 5 toneladas. Por medida de segurança, nunca se deve ultrapassar o limite estabelecido para cada tipo de cinta. Dicas para usar:- Utilize somente cintas sem danos – Não aplique nós às cintas de amarração – Não utilize cintas de amarração em aplicações de elevação de cargas Quando deixar de usar: – Com danos causados por produtos químicos – Com perfurações, desfiamentos e deformações

Correntes

Devem ser produzidas com aço de alta resistência (grau 80 no mínimo). Na amarração são tensionadas por meio de alavancas ou catracas apropriadas. Dicas para usar: – Utilize somente correntes em bom estado e inspecionadas – Não dar nós nas correntes – Não utilize as correntes em cantos vivos Quando deixar de usar: – Com amassamentos, deformações, corrosão intensa

Cordas

Como são mais comuns no mercado, na hora de comprar cordas para amarração de carga, é preciso observar alguns itens importantes. Preferencialmente deve-se utilizar as cordas trançadas. Diâmetro É a espessura da corda, medida em milímetros ou polegadas. Nas aplicações em que é preciso manter contato da corda com a mão, é importante que se observe a “pega”. Nesses casos, evite cordas com menos de 12 milímetros de diâmetro. Rendimento É a quantidade de metros encontrada em um quilo de corda (metro/quilo). Até cordas de um mesmo diâmetro têm rendimentos diferentes, pois as matérias-primas usadas na sua fabricação possuem pesos diferentes. Nó Evite dar nós, pois eles reduzem a resistência da corda em até 40%. Carga de ruptura É o ponto de rompimento de uma corda quando submetida a um esforço superior a sua resistência. Escolha uma corda que seja adequada ao peso da carga a ser transportada pelo caminhão. A corda não pode trabalhar no seu limite máximo de resistência. Carga de trabalho É a carga média ideal a que uma corda deve ser submetida quando em uso. Este é o padrão correto na escolha de uma corda. Dependendo do grau de riscos empregados no uso de uma corda, ela deve ser usada bem abaixo do seu ponto de ruptura. Isso evita que a corda possa se romper causando acidentes. Elasticidade É a propriedade de alongamento de uma corda, ou o quanto ela estica. Este alongamento (alto ou baixo) resulta de uma combinação da fibra usada para fazer a corda e de como foi tecida. Cordas com elevada elasticidade podem comprometer a segurança pois “perdem o contato” com a carga, permitindo o deslizamento da mesma em freadas bruscas.

Cabos de Aço

Os cabos de aço para amarração são utilizados em catracas fixas ou em combinação com cintas ou correntes de amarração. Dicas para usar: – Utilize somente quando em bom estado e inspecionados – Não aplicar nós nos cabos – Não utilize os cabos em cantos vivos – O uso de laços de cabos de aço com clipes não é recomendado para utilização em amarração de cargas, pois podem escorregar Quando deixar de usar: – Se as presilhas ou olhais estiverem danificados – Com redução do diâmetro, ruptura de arames e amassamentos – Nos casos de corrosão do cabo e seus acessórios. Pontos de amarração Como muitos caminhões não têm pontos de amarração nas carrocerias, muitas vezes os terminais dos equipamentos são conectados em locais que não possuem resistência suficiente, aumentando o risco de acidentes. Caso seu veículo não tenha pontos de amarração com resistência identificada, procure uma empresa especializada que venda terminais basculantes soldáveis com resistência gravada em alto relevo no próprio equipamento.

Não vale a pena se arriscar. Acidentes no transporte rodoviário de cargas costumam ser muito graves e podem colocar em risco a sua vida e a dos demais usuários da rodovia.

Redigido por Paulo Tagliaferri

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