Atenção, cansaço, pressa, falta de preparação e muitos outros fatores.
É possível agrupar as causas segundo os dois grandes grupos de condicionantes de acidentes, atos inseguros e condições inseguras.Verifica-se que a maior parte dos acidentes (78,78%) são ocasionados por atos inseguros, o que é obtido pela soma das porcentagens das causas específicas como falta de atenção, cansaço, falta de conhecimento / treinamento, pressa e embriaguez. Por outro lado, apenas 22,22% dos acidentes relatados no Brasil são creditados a limitações relacionadas ao equipamento pesado. A falta de atenção e o cansaço, que resultam em atos inseguros, têm sua gênese também explicada pela ação indireta do equipamento antigo que, devido a problemas em suas características ergonômicas (conforto), pode resultar no aumento da fadiga do operador.
A falta de conhecimento / treinamento, apontada como uma das principais causas dos acidentes, pode ser explicada pelo fato de a maior parte dos operadores (60,74%) não terem frequentado algum curso de operação de equipamentos pesados, que desse ênfase, além dos aspectos de produtividade do trabalho, à segurança. Um exemplo típico da falta de conhecimento em relação à prevenção dos acidentes com equipamentos é a elevada porcentagem (66,34%) de operadores que permitem que pessoas andem de “carona” na máquina (as vezes até na caçamba!). Esta atitude pode resultar em quedas de pessoas com o veiculo em movimento, um dos principais tipos de acidentes graves, conforme foi explicado anteriormente.
Outro produto da falta de conhecimento e, também, da falta de condições de segurança nos equipamentos atualmente em uso no Brasil refere-se ao cinto de segurança. Os dados obtidos apontam que 61,11% dos maquinários em uso, não possuem cinto de segurança. Com relação aos tratores que possuem cinto de segurança, em cerca de 69% dos casos os operadores não o usam. Cabe salientar que a presença e uso do cinto de segurança é requisito obrigatório para o tráfego dos equipamentos pesados em rodovias, segundo o Capítulo IX, Seção I, artigo 96 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 23 de setembro de 1997). Além disso, os dados obtidos mostram que, muitas vezes, as máquina são equipadas com estruturas de proteção contra capotamento, mas o operador não usa o cinto, de forma que sua eficiência praticamente é anulada.
A falta de atenção é outra importante causa dos acidentes. Esta têm sua origem em função, dentre outros fatores, da operação de equipamentos obsoletos ergonomicamente mal projetados e de aspectos ligados à jornada de trabalho, que podem aumentar de maneira substancial o nível de fadiga ao qual o operador encontra-se submetido. Isto resulta numa diminuição de sua capacidade de concentração, o que pode resultar em acidentes. Pôde-se observar que 67,65% dos operadores entrevistados têm uma jornada de trabalho superior a 8 horas durante os períodos de maior demanda de trabalho, que correspondem, normalmente, às épocas de pico. Portanto, a longa jornada de trabalho em determinados períodos pode explicar, em grande parte, o elevado número de acidentes observados.
Redigido por Marcus Lacerda